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CIRURGIA ONCOLÓGICA

A cirurgia oncológica é também conhecida como oncologia cirúrgica, sendo reconhecida e registrada como especialidade médica junto à Associação Médica Brasileira (AMB), desde 2017. O especialista na área é conhecido como cirurgião oncológico ou cirurgião oncologista. 

A cirurgia é uma das modalidades mais antigas no tratamento do câncer, representando um dos tripés do tratamento da doença, ao lado da quimioterapia e da radioterapia. 

Atualmente cerca de 90% dos pacientes com câncer necessitarão de algum tipo de intervenção cirúrgica no decorrer da evolução da doença. E cerca de 60% dos pacientes terão a cirurgia como pilar principal do seu tratamento, sendo exclusiva em torno de 90-95% dos casos de câncer localizado. 

A cirurgia oncológica tem como objetivo fundamental a cura das neoplasias malignas, mas também pode ser utilizada em casos incuráveis com o objetivo de prolongar a vida e de melhorar da qualidade de vida dos pacientes, as chamadas cirurgias paliativas. Além disso, pode ter papel de diagnóstico em alguns casos específicos, através de biópsias para coleta de amostras de tecidos suspeitos, e tem papel importante nos casos de complicações decorrentes dos tumores, como sangramentos e obstruções intestinais. Nesse sentido, o cirurgião oncológico acolhe o paciente com câncer e participa ativamente do seu manejo em diferentes momentos do tratamento, todos eles de grande importância. Dentre essas etapas, podemos citar as fases de diagnóstico, estadiamento (avaliação do estágio da doença), tratamento, resolução de complicações decorrentes da progressão da doença ou de sequelas do tratamento, alívio da dor, implante de cateteres para quimioterapia, entre outros. 

A história moderna da cirurgia oncológica teve seu início marcado por uma operação realizada por Ephraim McDowell, em 1890, com a remoção bem-sucedida de um tumor de ovário, tendo a paciente sobrevivido por mais de 30 anos. Outros nomes que merecem destaque no âmbito do desenvolvimento da cirurgia oncológica são: Albert Theodore Billroth, responsável pelo aprimoramento meticuloso da técnica cirúrgica (pioneiro na realização de gastrectomia, laringectomia e esofagectomia); Willian Stewart Halsted que, em 1809, elucidou os princípios da ressecção em “monobloco”, isto é, a remoção em conjunto dos órgãos junto a outras estruturas envolvidas, com margens de segurança, incluindo estações linfonodais (gânglios) que poderiam estar comprometidas por células tumorais. 

A partir daí surgiram os princípios da cirurgia oncológica que devem ser seguidos quando se busca maiores índices de sucesso na cura das neoplasias malignas, com particularidades de acordo com a sua localização. O respeito a esses princípios permitiu a expansão da cirurgia de combate ao câncer para os diferentes órgãos, criando-se as subespecialidades dentro da cirurgia oncológica. Além disso, com o melhor conhecimento da história natural dos tumores, a cirurgia evoluiu no sentido de permitir a realização de operações mais conservadoras, com melhores resultados estéticos e funcionais, sem prejuízo das taxas de cura, o que proporcionou considerável impacto na qualidade de vida dos pacientes. 

O manejo cirúrgico adequado do paciente com câncer exige, além de capacitação técnica para a execução de cirurgia especializada, conhecimento sobre quimioterapia, radioterapia e nas demais áreas que envolvem o tratamento do câncer para que a sequência do tratamento possa alcançar o resultado esperado. Nesse sentido, o cirurgião oncológico deve estar inserido em uma equipe multidisciplinar de tratamento em centros especializados, com oncologia clínica, radioterapia, medicina nuclear, radiologia especializada, enfermagem oncológica, psico-oncologia, fisioterapia, nutrição, assistente social, entre outros. Existe uma quantidade grande de trabalhos científicos mostrando que pacientes tratados em centros de referência ou de competência multidisciplinar têm resultados superiores aqueles tratados em centros isolados. 

Devido ao aumento da longevidade, a incidência de câncer está aumentando a cada ano. O número de novos casos previstos para 2014, de acordo com o Ministério da Saúde, é em torno de 576 mil. Desse modo, está havendo um grande investimento dos hospitais na área câncer e, para atender às necessidades de uma doença de incidência crescente, é necessária a formação de recursos humanos na área, sendo o cirurgião oncologista fundamental neste cenário.

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